sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O grande enigma...



Há uma finalidade, há uma Lei no Universo?
Ou esse Universo é apenas um abismo no qual o pensamento se perde por falta de ponto de apoio, em que gire sobre si mesmo, igual à folha morta ao influxo do vento? Existe uma força, uma esperança, uma certeza que nos possa elevar acima de nós mesmos a um fim superior, a um princípio, a um Ser em que se identifiquem o bem, a verdade, a sabedoria; ou terá havido em nós e em redor de nós apenas dúvida, incertezas e trevas?
O homem, o pensador, sonda com o olhar a vasta extensão; interroga as profundezas do céu; procura a solução desses grandes problemas: o problema do mundo, o problema da vida. Considera esse majestoso Universo, no qual se sente como que mergulhado; acompanha com os olhos a carreira dos gigantes do Espaço, sóis da noite, focos terríficos cuja luz percorre as imensidades taciturnas; interroga esses astros, esses mundos inumeráveis, mas estes passam, mudos, prosseguindo em seu rumo, para um fim que ninguém conhece. Silêncio esmagador paira sobre o abismo, envolve o homem, torna esse Universo mais solene ainda. 
Duas coisas, no entanto, nos aparecem à primeira vista no Universo: a matéria e o movimento, a substância e a força. Os mundos são formados de matéria, e essa matéria, inerte por si mesma, se move. Quem, pois, a faz mover-se? 
Qual é essa força que a anima? Primeiro problema. Mas o homem, do infinito, chama sobre si mesmo sua atenção. Essa matéria e essa força universais, ele as encontra em si mesmo e, com elas, um terceiro elemento, com o qual conheceu, viu e mediu os outros: a inteligência. 
Entretanto, a inteligência humana não é, por si só, sua própria causa. Se o homem fosse sua própria causa, poderia manter e conservar o poder da vida que está em si; mas, em verdade, esse poder, sujeito a variações, a desfalecimentos, excede da vontade humana. Se a inteligência existe no homem, deve encontrar-se nesse Universo de que faz parte integrante. O que existe na parte deve encontrar-se no todo. 
A matéria não é mais que a vestimenta, a forma sensível e mutável, revestida pela vida; um cadáver não pensa, nem se move. A força é um simples agente destinado a entreter as forças vitais. É pois, a inteligência que governa os mundos. 
Essa inteligência se manifesta por leis, leis sábias e profundas, ordenadoras e conservadoras do Universo. 


Esse silêncio é relativo e provém unicamente da imperfeição dos nossos sentidos.
Obra: O Grande Enigma


Um grande beijo no coração de todos,


Hélia


       

     
    



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